Boletim BRICS Brasil #29 - BRICS alinha posições e compromissos com multilateralismo, paz global e segurança tecnológica
Em reunião em Brasília, Assessores de Segurança Nacional reafirmaram cooperação global, ordem multipolar e soluções diplomáticas para conflitos. Discutiram ainda meios para combater ameaças cibernéticas. Os temas serão levados para a Cúpula de Líderes no Rio de Janeiro, em julho. Ouça a reportagem e saiba mais.

Reportagem Leandro Molina / leandro.molina@presidencia.gov.br
Repórter: O embaixador Celso Amorim, assessor-chefe de Segurança Institucional da Presidência da República, coordenou a Reunião de Assessores de Segurança Nacional realizada na sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília. A reunião contou com as autoridades responsáveis pelas agendas de defesa e política externa dos 11 países do BRICS, e teve como eixo central a discussão sobre novas realidades de segurança e o papel que o grupo pode desempenhar na promoção da paz e do multilateralismo, como destaca Celso Amorim.
Celso Amorim: Não podemos regredir a um mundo onde as negociações ocorriam predominantemente de modo bilateral. A despeito dos riscos e das dificuldades, continuamos a apostar no multilateralismo.
Repórter: Amorim destacou que a expansão recente do grupo, com a incorporação de novos membros como a Indonésia, comprova a vitalidade desse projeto.
Celso Amorim: A expansão do BRICS demonstra que esse conjunto de ideias continua a expressar os anseios de muitos países do Sul Global.
Repórter: O tom do discurso refletiu a percepção compartilhada entre os membros do BRICS de que o mundo vive uma encruzilhada histórica e atravessa um período de crescentes tensões. Em relação a isso, o embaixador Celso Amorim falou que o número de vítimas de conflitos armados têm crescido de forma significativa nos últimos anos.
Celso Amorim: Em 2024, os gastos militares globais atingiram o nível recorde de 2,46 trilhões de dólares. Os recursos para atender a necessidades como o combate à fome e à miséria; à mudança do clima e as pandemias são claramente insuficientes. Em suas presidências do G20 e da COP 30, o Brasil tem se esforçado para corrigir essas distorções.
Repórter: Segundo os debatedores, o potencial da Inteligência Artificial para o progresso humano é imenso, mas seu uso militar sem controle representa um perigo civilizatório, como comenta o embaixador Amorim.
Celso Amorim: O Brasil defende que o uso da Inteligência Artificial deve respeitar o direito internacional, em particular o direito internacional humanitário e os direitos humanos. Grandes empresas de tecnologia não podem desrespeitar a soberania dos países sob o falso pretexto de defender a liberdade de expressão.
Repórter: A Reunião de Assessores de Segurança Nacional em Brasília serve como preparação para a Cúpula de Líderes do BRICS, marcada para os dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro. A avaliação dos participantes é que a presidência brasileira conseguiu avançar em sua agenda prioritária de posicionar o grupo como ator central na governança global.