Boletim BRICS Brasil #13 - Banco do BRICS: saiba como funciona o braço financeiro que impulsiona economias em desenvolvimento
O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) foi criado para financiar projetos sustentáveis e de infraestrutura nos países do BRICS e oferece uma alternativa ao sistema financeiro tradicional. Entenda o impacto e importância para o Brasil e o mundo. Ouça reportagem e saiba mais.
Por Leandro Molina / leandro.molina@presidencia.gov.br
Repórter: A crise de 2008 revelou as fragilidades do sistema financeiro mundial e gerou questionamentos sobre o FMI e o Banco Mundial. Nesse contexto, o BRICS surgiu como um grupo relevante na reestruturação da ordem econômica global. A partir disso, o agrupamento criou iniciativas como o Novo Banco de Desenvolvimento, para promover alternativas ao financiamento mundial.
O banco foi criado em 2014 pelos países fundadores do BRICS — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — e destaca-se como uma alternativa às tradicionais instituições multilaterais como fonte de financiamento de longo prazo para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em nações emergentes.
A ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, assumiu a presidência do Banco do BRICS em março de 2023, indicada pelo atual presidente do país, Luiz Inácio Lula da Silva. Na cerimônia de posse de Dilma, o presidente Lula destacou o papel do banco na ampliação de financiamentos para projetos estratégicos.
Lula: A criação deste banco mostra que a união entre países emergentes tem o potencial de promover mudanças sociais e econômicas relevantes para o mundo. Não queremos ser melhores do que ninguém, queremos as oportunidades para expandirmos nossas potencialidades e garantir aos nossos povos dignidade, cidadania e qualidade de vida.
Repórter: Desde sua criação, o Banco do BRICS aprovou mais de 32 bilhões de dólares em financiamentos em projetos no Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Bangladesh e Egito. Entre os destaques, estão iniciativas como a expansão de redes de energia renovável na Índia, o desenvolvimento de infraestrutura ferroviária na África do Sul e o fortalecimento de sistemas de abastecimento de água no nordeste brasileiro.
Evandro Menezes de Carvalho, especialista em Direito Internacional e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Fundação Getulio Vargas (FGV-RJ), destaca a crescente relevância do BRICS no cenário global.
Evandro Menezes de Carvalho: A relevância do BRICS hoje no mundo é cada vez mais evidente. Se a gente levar em conta tanto em termos de população quanto também em termos econômicos. Hoje em dia, se tomarmos em consideração esse BRICS ampliado, chega a ser 41% da população mundial, aproximadamente 4 bilhões. Isso já mostra a relevância do BRICS do ponto de vista da representatividade de sua legitimidade.
Repórter: O professor Evandro ressalta que o BRICS não é apenas uma aliança de países emergentes, mas uma coalizão que busca transformar a governança global .
Evandro Menezes de Carvalho: Eu acho que é uma organização internacional que foi criada diante de uma situação de uma demanda de mercados existentes dos países de desenvolvimento, que estavam como de fato estão sedentos por recursos, e querem, estão em busca, como qualquer pessoa que pede empréstimo ao banco, isso vale para os estados também, em condições melhores. Eu não vejo como uma organização que foi criada pensando em enfrentar o FMI ou um papel contra-hegemônico em si mesmo.
Repórter: Essa estratégia coloca o Banco do BRICS como motor de desenvolvimento das economias emergentes. Para o Brasil, o banco representa uma oportunidade valiosa de financiamento para projetos de infraestrutura, alavancando o crescimento econômico e promovendo soluções sustentáveis.