BOLETIM BRICS

Boletim BRICS Brasil #23 - Há 15 anos, a segunda Cúpula do BRIC acontecia no Brasil

O embaixador Roberto Jaguaribe, sherpa brasileiro à época, relembra a organização do evento e a repercussão das temáticas em debate até os dias de hoje. Este foi o último evento antes do ingresso da África do Sul como país membro, reconfigurando a sigla para BRICS. Ouça a reportagem e saiba mais.

A reunião aconteceu na casa da diplomacia nacional, o Palácio do Itamaraty | Foto: Divulgação/Gabinete do Primeiro-Ministro da Índia
A reunião aconteceu na casa da diplomacia nacional, o Palácio do Itamaraty | Foto: Divulgação/Gabinete do Primeiro-Ministro da Índia

Reportagem Franciéli Barcellos de Moraes / francieli.moraes@presidencia.gov.br

Repórter: Há 15 anos, no dia 15 de abril de 2010, o Brasil sediada pela primeira vez uma Cúpula do BRICS, naquele tempo ainda sem o S da Àfrica do Sul na sigla BRIC. O agrupamento de nações do Sul Global até então só tinha realizado um encontro formal inscrito sob a sigla, na Rússia, no ano anterior, e ainda amadurecia resoluções sobre estrutura e formatos de cooperação. O embaixador Roberto Jaguaribe, que acompanhou a constituição do grupo e foi o sherpa brasileiro nas conduções dos trabalhos em 2010, relembra como o processo se deu.

Embaixador Roberto Jaguaribe: Em 2009 era o penúltimo ano do segundo mandato do presidente Lula. Ele sairia no ano seguinte e gostaria muito de ser  anfitrião na segunda reunião de líderes do BRICS, e ninguém se opôs. Mas na verdade eu já sabia que isso na prática significava uma periodicidade anual das reuniões, que no começo não era claro se teria essa periodicidade.

Repórter: A segunda declaração do grupo já cita o interesse em facilitar a cooperação monetária por meio de transações comerciais em moedas locais; a coordenação de esforços pela inclusão social e o combate à pobreza; o compromisso por um multilateralismo fortalecido; e o apelo um método de seleção aberto e baseado em mérito, independentemente da nacionalidade, para os cargos de liderança do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.

Além da manutenção das prioridades, para o embaixador Jaguaribe, outro ponto não se alterou, ao contrário, solidificou-se: a pertinência do grupo como amplificador das vozes e políticas dos países do Sul Global.

Embaixador Roberto Jaguaribe: Eu não tenho dúvida nenhuma de que a criação desse agrupamento deu vazão a uma publicidade, uma visibilidade de conceitos e de percepções que de outra forma não teriam tido essa visibilidade.

Repórter: Dos 16 anos percorridos da primeira Cúpula até aqui, a sociedade civil, com o pilar People to People (P2P), conquistou espaço de atuação; novos temas ganharam destaque, como inteligência artificial e eliminação de doenças socialmente determinadas; o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) foi criado e já atua com um capital autorizado de 100 bilhões de dólares; entre outros exemplos.

A Cúpula deste ano, a quarta a ser realizada em solo brasileiro, será nos dias 6 e 7 de julho, e pela primeira vez terá como palco o Rio de Janeiro (RJ). A cidade receberá tanto as autoridades dos 11 países membros como dos países parceiros.