Boletim BRICS Brasil #26 - Inteligência artificial e clima: declaração do BRICS propõe políticas para proteger trabalhadores
Ministros de Trabalho e Emprego do BRICS aprovam declaração e firmam compromisso por trabalho justo frente a IA e mudança do clima, com foco em proteção social e requalificação profissional. Em reunião ministerial, Brasil lidera diálogo por governança inclusiva. Ouça a reportagem e saiba mais.

Reportagem Leandro Molina / leandro.molina@presidencia.gov.br
Repórter: Em um momento de profundas transformações no mundo do trabalho, os países do BRICS assumiram uma posição conjunta para garantir que os avanços tecnológicos e a transição para uma economia sustentável não deixem os trabalhadores para trás. A 11ª Reunião dos Ministros do Trabalho e Emprego do grupo, realizada em Brasília, resultou em uma declaração que traça um caminho para enfrentar os impactos da inteligência artificial e da mudança do clima no mercado de trabalho, com ênfase na proteção social e na requalificação profissional.
Luiz Marinho, ministro do Trabalho e Emprego do Brasil, abriu a reunião do BRICS com um discurso que enfatizou a necessidade de respostas globais aos desafios do mercado de trabalho.
Luiz Marinho: O debate do multilateralismo é fundamental para enfrentar os dilemas globais relacionados ao mundo do trabalho. Porque uma transição, seja climática, e a repercussão da inteligência artificial traz uma grande transformação. É preciso que os países adotem responsabilidades que venham a tratar dessas transições com justiça, ou seja, a transição tem que ser justa. E para ser justa é preciso pensar em boa remuneração, remuneração de qualidade.
Repórter: Representantes de centrais sindicais e organismos internacionais reforçaram a demanda por uma governança global mais equitativa, e defenderam a reforma de instituições como FMI e Banco Mundial para combater a pobreza e promover o emprego digno. Já representantes de empregadores, alertaram que pequenas e médias empresas precisam de apoio para sair da informalidade, e o diálogo entre governos, empresas e trabalhadores é essencial neste processo.
Laura Thompson, diretora-geral adjunta para Relações Exteriores e Corporativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT), diz que uma das medidas que os governos podem começar a desenvolver são as habilidades de seus jovens e de seus profissionais para adaptarem-se ao mundo tecnológico.
Laura Thompson: Nos países em desenvolvimento, acredito que há um elemento adicional que será muito importante: capacitar os alunos, desde o início, desde o ensino fundamental e médio, a usar tecnologias para digitalizar a educação em nível nacional e preparar as pessoas para essa mudança no mundo do trabalho.
Repórter: A representante da Índia, Shobha Karan Lajay, destacou a importância estratégica da inteligência artificial para o desenvolvimento econômico e a preparação da força de trabalho diante das novas demandas globais.
Shobha Karan Lajay: Trabalhadores do mundo inteiro estão enfrentando desafios, porque a força de trabalho é composta por trabalhadores não qualificados em todo o mundo, e agora as novas tecnologias mudarão o cenário.
Repórter: Paula Montagner, subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, apresentou uma análise abrangente sobre os impactos da inteligência artificial no mundo do trabalho.
Paula Montagner: Há algumas estimativas de como vão ser afetados, principalmente os trabalhadores da área de das áreas administrativas e de escritório. Porque eles fazem tarefas repetitivas. Nós estamos falando de pelo menos 14 milhões de trabalhadores no caso do Brasil, só pensando no lado formal, sem considerar pessoas que hoje trabalham como autônomos, exercendo esse tipo de trabalho.
Repórter: A declaração será submetida à Cúpula do BRICS para aprovação pelos líderes do grupo. Enquanto isso, os países continuarão a trabalhar em iniciativas como a Plataforma do Ecossistema de Produtividade para o Trabalho Decente, lançada em 2023, e a Rede de Segurança e Saúde Ocupacional do grupo.