Boletim BRICS Brasil #50 - BRICS defende protagonismo do Sul Global nas novas tecnologias e inovações
O uso mais equitativo da Inteligência Artificial (IA) é um exemplo desses mecanismos. O agrupamento pretende compartilhar infraestrutura para o melhor uso das ferramentas tecnológicas e criar linguagens mais acessíveis. Ouça a reportagem e saiba mais.
Reportagem: Mayara Souto | BRICS Brasil
Locução: Inez Mustafa | BRICS Brasil
Repórter: Sintonizado com o presente e o futuro, o BRICS está escrevendo um novo capítulo na ciência e tecnologia, onde o Sul Global é o protagonista. Ministros dos onze países-membros do BRICS assinaram, nesta semana, em Brasília, um acordo histórico: a Declaração Ministerial sobre Cooperação em Ciência, Tecnologia e Inovação. E o objetivo é ambicioso: democratizar o acesso às ferramentas tecnológicas e garantir que a Inteligência Artificial seja usada de forma justa e inclusiva; mas porque isso é tão importante? A ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, explica.
Luciana Santos: Todas as novas tecnologias podem ter um papel de aumentar cada vez mais as assimetrias entre os países porque são ferramentas tecnológicas muito poderosas, que transformam o modo de produção, que transformam as forças produtivas. A gente luta para que alguns países não concentrem a tecnologia e que possa ser partilhada. Então, nesse sentido, todos os nossos países buscam ter infraestrutura própria que garanta o desenvolvimento da inteligência artificial.
Repórter: E olha só que interessante: a ministra alertou para um perigo invisível nos modelos de IA – o viés cultural. Imagine um sistema que não entende nem a cultura, nem a história brasileira. Mas o Brasil já está reagindo. No Piauí, nasceu o ‘SoberanIA’, um modelo em português com 100 bilhões de parâmetros – um salto gigante para a independência tecnológica brasileira, escutem o que a ministra tem a dizer.
Luciana Santos: Isso, por si só, já traz um viés cultural equivocado para as nações, que não corresponde ao contexto, à cultura, à história, ao jeito de ser de cada nação. Então, nós estamos procurando desenvolver [no Brasil] os nossos modelos de linguagem em português. Temos já em desenvolvimento alguns potentes, como o do Piauí, que é de iniciativa publica, que é o ‘SoberanIA’, com 100 bilhões de parâmetros, revelando que a gente tem condições de estar no caminho certo.
Repórter: E tem mais. O BRICS também lançou o Plano de Ação de Inovação 2025–2030, com foco em energia limpa, industrialização, hidrogênio verde e muito mais. A vice-ministra da África do Sul, Nomalungelo Gina, foi direta: inovação é o motor do futuro.
Nomalungelo Gina: Temos compartilhado nossas experiências de como investimos no crescimento da inovação, tendo em mente que, quando se trata do crescimento econômico do nosso país, da estabilidade do nosso país, tudo se baseia na inovação. A inovação pode contribuir para as questões energéticas e os desafios que enfrentamos. Analisar e abordar as questões energéticas nos permite atrair inovação para questões climáticas, como a do hidrogênio verde.
Repórter: Para fechar com chave de ouro, em 2025, o BRICS completa 10 anos de cooperação em ciência e tecnologia. Uma década provando que, quando o Sul Global une forças, a revolução tecnológica é para todos e todas.
