BOLETIM DE RÁDIO BRICS BRASIL

Boletim BRICS Brasil #62 - Presidente Lula defende reforma da ONU e paz global em discurso na Cúpula do BRICS

Na Cúpula do BRICS, Lula propõe caminhos para uma nova ordem global: ONU reformada, fim das guerras e desenvolvimento como prioridade. Ouça a reportagem e saiba mais.

Em discurso de abertura, presidente Lula defende reforma da ONU e novo multilateralismo em abertura da cúpula do BRICS. Foto: Isabela Castilho | BRICS Brasil
Em discurso de abertura, presidente Lula defende reforma da ONU e novo multilateralismo em abertura da cúpula do BRICS. Foto: Isabela Castilho | BRICS Brasil

Reportagem: Leandro Molina | BRICS Brasil

Repórter: Em seu discurso na abertura da cúpula de líderes do BRICS Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que, pela quarta vez o Brasil, cedia uma cúpula no país e falou dos avanços da ordem multilateral.

Lula: Pela quarta vez, o Brasil cedia uma cúpula dos BRICS. De todas essas, esta é a que ocorre em cenário global mais adverso. A ONU completou 80 anos, no último dia 26 de junho, e presenciamos colapso sem paralelo do multilateralismo. Dez anos depois, a Conferência de Bandung refutou a divisão do mundo em zonas de influência e avançou na luta por uma ordem internacional multipolar. O BRICS é herdeiro do Movimento Não-Alinhado.

Repórter: O presidente falou sobre o aumento dos conflitos no mundo e que recursos estão indo, cada vez mais, para guerras do que para paz. 

Lula: É mais fácil destinar 5% do PIB para gastos militares do que alocar os 0,7% prometidos para assistência oficial do desenvolvimento. Isso evidencia que os recursos para implementar a Agenda 2030 existem, mas não estão disponíveis por falta de prioridade política. É sempre mais fácil investir na guerra do que na paz.

Repórter: O presidente brasileiro falou do temor de uma catástrofe nuclear com consequências para o mundo.

Lula: Assim como ocorreu no passado, com a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), a instrumentalização dos trabalhos da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) coloca em jogo a reputação de um órgão fundamental para a paz. O temor de uma catástrofe nuclear voltou ao cotidiano.

Repórter: Lula disse que nada justifica ações de terrorismo no mundo, mas que também não há justificativa para genocídios. 

Lula: Absolutamente nada justifica as ações terroristas perpetradas pelo Hamas, mas não podemos permanecer indiferentes ao genocídio praticado por Israel em Gaza e à matança discriminada desses vícios inocentes e o uso da fome como arma de guerra. 

Repórter: Sobre a guerra na Ucrânia, o presidente brasileiro disse que é urgente a necessidade de um cessar-fogo.

Lula: É urgente que as partes envolvidas na guerra na Ucrânia aprofundem o diálogo direto com vistas a um cessar-fogo e uma paz duradoura. O grupo de Amigos para a Paz, criado por China e Brasil, que conta com a participação de países do sul global, procura identificar possíveis caminhos para o fim das hostilidades. 

Repórter: O chefe do executivo brasileiro disse que, há oito décadas de funcionamento das Nações Unidas, nem tudo foi fracasso; mas, se a governança multipolar não atende aos anseios do mundo, é preciso a mudança do Conselho de Segurança da ONU. 

Lula: Se a governança internacional não reflete a nova realidade multipolar do século XXI, cabe ao BRICS contribuir para a sua atualização. Sua representatividade e diversidade o torna uma força capaz de promover a paz e de prevenir e mediar conflitos. Podemos lançar as bases de uma governança revigorada.  Para superar a crise de confiança que enfrentamos, é preciso transformar profundamente o Conselho de Segurança.  Torná-lo mais legítimo, representativo, eficaz e democrático

Repórter: Ao final de sua fala, o presidente Lula disse que adiar o processo de governança torna o mundo mais instável e perigoso. 

Lula: Cada dia que passamos com uma estrutura internacional arcaica e excludente, é um dia perdido, para solucionar graves crises que assolam a humanidade.