DEBATES

Brasil conclui workshops do BRICS sobre transição energética, resiliência climática e descarbonização do setor de óleo e gás

Encontros reafirmaram o protagonismo do grupo na agenda energética internacional e contribuíram para fortalecer a cooperação em áreas estratégicas.

Foto: Getty Images
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Do Ministério de Minas e Energia do Brasil 

O Ministério de Minas e Energia do Brasil (MME) concluiu, nesta semana, os workshops técnicos no âmbito da Plataforma de Cooperação em Energia do BRICS (BRICS ERCP). As atividades fazem parte da agenda da presidência brasileira do grupo.

Os workshops reuniram especialistas e autoridades do Brasil, Rússia, Índia, China, Egito e Emirados Árabes Unidos com o objetivo de promover o intercâmbio de experiências e boas práticas em temas estratégicos para a transição energética. 

Os diálogos reforçaram a mobilização do BRICS em torno de uma agenda energética comum para os próximos cinco anos, ancorada na promoção de transições energéticas justas, seguras e inclusivas. 

Ao longo de três dias, foi possível identificar desafios complexos enfrentados pelos países do grupo — como o alto custo de financiamento, a vulnerabilidade das infraestruturas às mudanças climáticas e a necessidade de descarbonizar setores intensivos em emissões. 

As trocas também permitiram identificar oportunidades estratégicas para cooperação técnica, desenvolvimento de cadeias de valor regionais e atração de investimentos em inovação e infraestrutura sustentável. 

Dessa forma, os workshops consolidaram a Cooperação em Energia do BRICS como uma plataforma relevante para a articulação de soluções adaptadas aos contextos e às prioridades dos países em desenvolvimento. Além disso, contribuíram para a preparação da Reunião Ministerial de Energia do BRICS, que ocorrerá no dia 19 de maio em Brasília (DF).

Temas debatidos

No primeiro dia, as discussões abordaram formas de impulsionar o financiamento da transição energética, com foco na mobilização de capital para projetos sustentáveis, no fortalecimento da colaboração entre os setores de energia e finanças e na definição de padrões de sustentabilidade para instituições financeiras. 

Também foram debatidas abordagens de planejamento energético que contribuem para maior previsibilidade e integração de dimensões sociais e ambientais nas decisões de investimento. Outro ponto de destaque foi o financiamento de atividades de mapeamento geológico e exploração de minerais críticos, considerados essenciais para o avanço de tecnologias limpas, como baterias, painéis solares, turbinas eólicas e veículos elétricos.

Também esteve no foco dos debates o fortalecimento da resiliência das infraestruturas elétricas frente às mudanças climáticas. Foram apresentadas soluções adotadas pelos países para adaptar suas redes a eventos extremos, incluindo o uso de novas tecnologias e ajustes no planejamento e operação do sistema elétrico. 

Os participantes também exploraram os desafios de integrar fontes renováveis variáveis com segurança e estabilidade, além da necessidade de marcos regulatórios mais flexíveis que permitam às concessionárias responderem de forma eficaz a grandes interrupções no fornecimento de energia.

As discussões se concentraram nas estratégias para descarbonizar o setor de petróleo e gás, com ênfase nas operações upstream. Foram discutidas as melhores práticas para a adoção de medidas regulatórias capazes de acelerar a redução de emissões, abordagens inovadoras para controle e monitoramento de emissões de metano e os caminhos para viabilizar tecnologias de captura, uso e armazenamento de carbono (CCS e CCUS), tanto do ponto de vista técnico quanto econômico.

Instituições brasileiras

O Brasil foi representado nas discussões técnicas pelo Ministério de Minas e Energia, Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Serviço Geológico do Brasil (SGB), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e Petrobras.