Brasil lidera primeira reunião de Sherpas do BRICS com apoio unânime às suas prioridades
Na primeira reunião de Sherpas sob a presidência brasileira, diplomatas dos 11 países do BRICS endossaram as propostas do Brasil para fortalecer a cooperação entre as economias emergentes. Saúde global, governança da inteligência artificial e facilitação do comércio estão entre os temas prioritários.

Por Inez Mustafa | inez.mustafa@presidencia.gov.br
Com aprovação unânime dos temas centrais propostos pelo Brasil, a primeira reunião de Sherpas do grupo do BRICS encerrou nesta quarta-feira (26), em Brasília (DF). O encontro aconteceu no Palácio do Itamaraty, reunindo representantes diplomáticos dos 11 países que compõem o grupo, bem como os embaixadores de oito países parceiros convidados do BRICS. O presidente Lula e o embaixador André Côrrea do Lago, presidente da COP30, participaram do último dia de reunião.
O embaixador Mauricio Lyrio, sherpa brasileiro do agrupamento, avaliou que a reunião ocorreu com muitas contribuições construtivas e espírito de cooperação. “Cumprimos toda a agenda, e a avaliação da presidência brasileira de que a reunião foi muito boa, foi exatamente como nós gostaríamos que tivesse ocorrido. Houve amplo apoio às prioridades que o Brasil estabeleceu. Foi uma reunião que transcorreu de maneira muito positiva, com contribuições construtivas e espírito de cooperação. Houve apoio unânime às propostas brasileiras”, afirmou.
Sob o tema central “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”, a presidência brasileira do BRICS tem seis prioridades: cooperação em saúde global; comércio, investimentos e finanças; mudança do clima; governança da inteligência artificial; reforma da arquitetura multilateral de paz e segurança; desenvolvimento institucional.
Aliança Global para eliminar doenças ligadas às desigualdades
O sherpa brasileiro do BRICS destacou uma das mais altas prioridades da presidência brasileira: a Aliança para a Eliminação das Doenças Socialmente Determinadas e das Doenças Tropicais Negligenciadas. Sob a presidência brasileira, os países apresentarão iniciativas voltadas à eliminação dessas doenças e infecções socialmente determinadas (SDD, na sigla em inglês).
Mauricio Lyrio salientou que doenças como tuberculose e diarreia infantil incidem com maior ocorrência sobre países em desenvolvimento, o que torna essencial a criação dessa aliança. Ele ressaltou que “no caso da saúde, nós já tínhamos antecipado que o Brasil faria proposta de criação de parceria para a eliminação de Doenças Socialmente Determinadas e Doenças Tropicais Negligenciadas”. “Eu enfatizo que essa aliança é uma das mais altas prioridades da presidência brasileira, justamente centrada em doenças que incidem mais sobre os países emergentes e países do grupo. A proposta foi muito bem acolhida, e nós ficamos muito satisfeitos com a boa reação”, relatou.
Vocação natural do grupo
Desde a sua origem, em 2009, a intensificação das relações econômicas, comerciais e financeiras entre os países do BRICS, vocação natural do grupo, foi reiterada nesta reunião de sherpas, afirma Lyrio. Ele acrescentou que os países querem avançar em novas áreas, como facilitação de comércio e negociação de novas plataformas de pagamento, reduzindo custos de operação.
O papel do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) e do Acordo Contingente de Reservas (ACR) também esteve no centro das discussões. O NDB mobiliza recursos para infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos países do BRICS e em outras nações em desenvolvimento, enquanto o ACR oferece suporte financeiro a países-membros em momentos de instabilidade econômica.
O sherpa Mauricio Lyrio enfatizou que “com apenas cinco anos de idade, o BRICS, em 2014, já tinha a capacidade de mobilização suficiente para criar um banco de desenvolvimento e um Acordo Contingente de Reservas. “É muito importante para o financiamento de infraestrutura nos mais diversos campos, que é a principal área de atuação do NDB, inclusive infraestrutura verde, e, ao mesmo tempo, a celebração de um acordo que, obviamente, favorece a todos em termos de balanço de pagamento”, avaliou.
Outro ponto de destaque da reunião foi a revisão da Parceria Estratégica na Área Econômica, um plano de cinco anos que agora passa por renovação sob a liderança brasileira. A presidência do Brasil tem a missão de lançar um novo plano econômico para o BRICS, adaptado aos desafios globais atuais. Essa atualização realizada de cinco em cinco anos, segundo Lyrio, será fundamental para fortalecer a cooperação e ampliar as oportunidades de crescimento entre os países-membros.