BRICS firmam parceria para eliminação de doenças relacionadas à pobreza e desigualdades
No segundo e último dia da Cúpula, líderes firmam parceria para eliminar Doenças Socialmente Determinadas e reforçam luta global por dignidade, justiça e equidade em saúde

Por Maiva D’Auria | BRICS Brasil
Na manhã desta segunda-feira, 7/7, além da Declaração de Líderes aprovada neste domingo, 6/7, e das declarações sobre Governança Global da Inteligência Artificial e Finanças Climáticas, os líderes do BRICS firmaram também a Parceria para a Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas (DSDs). Países parceiros, como Malásia e Bolívia, também aderiram às três declarações temáticas.
A iniciativa busca fortalecer a cooperação, mobilizar recursos e impulsionar esforços coletivos para a eliminação integrada das Doenças Socialmente Determinadas (DSDs), especialmente no Sul Global, onde essas enfermidades são mais prevalentes.
"No Brasil e no mundo, a renda, a escolaridade, o gênero, a raça e o local de nascimento determinam quem adoece e quem morre. Muitas das doenças que matam milhares em nossos países já teriam sido erradicadas se atingissem o Norte Global", apontou o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva em seu discurso de abertura.
A Parceria terá cinco objetivos principais, alinhados às atividades da Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras organizações internacionais relevantes nesta área:
reforçar sistemas de saúde resilientes e a prestação de serviços essenciais, garantindo o acesso equitativo a vacinas, prevenção, detecção precoce, diagnóstico, tratamento e educação em saúde para DSDs, fortalecendo serviços de saúde comunitária e focando em populações em situação vulnerável nas regiões mais afetadas por DSDs, avançando também na Cobertura Universal de Saúde (CUS); fortalecer ações intersetoriais sobre os determinantes sociais, econômicos e ambientais da saúde, adotando uma abordagem integral de governo e sociedade;
expandir a colaboração em pesquisa, desenvolvimento, capacitação, inovação e transferência de tecnologia entre os membros, promovendo o compartilhamento de conhecimentos como estratégia para fortalecer a cooperação e impulsionar soluções inovadoras adaptadas às realidades locais para eliminação das DSDs;
advogar pela superação das barreiras financeiras à eliminação das DSDs, mobilizando recursos nacionais e internacionais e promovendo o engajamento com bancos de desenvolvimento, instituições financeiras, doadores e setor privado para garantir mecanismos sustentáveis e inovadores de financiamento; e
alinhar posições sobre DSDs no âmbito das organizações internacionais, incluindo agências da ONU como a OMS, PNUD e outros fóruns relevantes, além de partes interessadas do setor privado, facilitando a integração em estruturas mais amplas de cooperação internacional e assegurando alinhamento com os ODS globais.
Para alcançar os objetivos da Parceria, os países do BRICS vão promover e ampliar iniciativas já existentes voltadas para melhorar o manejo de casos, expandir o acesso a áreas remotas, fortalecer saneamento e habitação, combater a desnutrição e a pobreza e incorporar tecnologias inovadoras, como inteligência artificial, diagnóstico de doenças, desenvolvimento de medicamentos e vacinas, além de ferramentas digitais para vigilância e detecção precoce.
“No Brasil e no mundo, a renda, a escolaridade, o gênero, a raça e o local de nascimento determinam quem adoece e quem morre. Não há direito à saúde sem investimento em saneamento básico, alimentação adequada, educação de qualidade, moradia digna, trabalho e renda”, disse o presidente Lula. “Estamos cooperando e agindo com solidariedade em vez de indiferença. Colocando a dignidade humana no centro de nossas decisões”, completou Lula.
No documento, os líderes também destacaram a importância de projetos como o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Vacinas, a Rede de Institutos de Saúde Pública e a Rede de Pesquisa sobre Tuberculose, que oferecem bases sólidas para pesquisa conjunta, capacitação, inovação e vigilância em saúde. A 17ª Cúpula do BRICS chega hoje ao segundo e último dia, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Sob presidência brasileira, o BRICS 2025 tem como tema "Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável".