BRICS fortalece cooperação em segurança cibernética
Em reunião em Brasília, países do BRICS discutem ações conjuntas para fortalecer a cibersegurança e compartilhamento de informações e boas práticas. Países do grupo buscam reduzir dependência de soluções estrangeiras e promover governança digital mais inclusiva, com foco em respostas rápidas a ameaças transnacionais.

Por Leandro Molina / leandro.molina@presidencia.gov.br
Com o aumento de ataques e crimes virtuais, discutir cibersegurança é essencial para a proteção de dados e infraestruturas. A falta de preparo de empresas, governos e usuários pode levar a prejuízos financeiros e violação de privacidade. Em um mundo cada vez mais digital, o debate sobre proteção cibernética não pode ser negligenciado. Neste contexto, os países do BRICS deram mais um passo para fortalecer a colaboração em segurança cibernética durante a 11ª Reunião do Grupo de Trabalho sobre Segurança no uso das Tecnologias da Informação e Comunicação, realizada de forma presencial em Brasília (DF).
O encontro destacou a importância de uma resposta conjunta aos desafios digitais, com propostas concretas para ampliar a proteção contra ameaças cibernéticas e reduzir a desigualdade tecnológica entre as nações. O embaixador Carlos Márcio Bicalho Cozendey, secretário de assuntos políticos multilaterais do Brasil, afirmou que o BRICS tem um papel estratégico na construção de um ambiente digital mais seguro e inclusivo. "Avanços tecnológicos, juntamente com a proliferação de vulnerabilidades, apresentam desafios para todas as nações, particularmente para os países em desenvolvimento", disse.
O encontro destacou a importância de uma resposta conjunta aos desafios digitais, com propostas concretas para ampliar a proteção contra ameaças cibernéticas e reduzir a desigualdade tecnológica entre as nações. O embaixador Carlos Márcio Bicalho Cozendey, secretário de assuntos políticos multilaterais do Brasil, afirmou que o BRICS tem um papel estratégico na construção de um ambiente digital mais seguro e inclusivo. "Avanços tecnológicos, juntamente com a proliferação de vulnerabilidades, apresentam desafios para todas as nações, particularmente para os países em desenvolvimento", disse.
Entre as medidas discutidas pelo grupo, estão a elaboração de um memorando de entendimento entre os centros de resposta a incidentes cibernéticos dos países-membros, o estímulo à pesquisa e desenvolvimento de tecnologias seguras e a criação de canais diretos de comunicação entre agências policiais para combater crimes digitais. "Não queremos apenas declarações, mas resultados operacionais que facilitem a comunicação imediata em situações de crise. Então, acho que é muito positivo poder construir essa cooperação aqui dentro do BRICS, avaliou o embaixador Cozendey.

O Brasil, que atualmente preside o grupo, propôs ainda a ampliação do debate para fóruns globais, como a Assembleia Geral da ONU, com o objetivo de estabelecer regras internacionais para o uso pacífico e seguro das TICs. Com o aumento de ataques cibernéticos e a crescente dependência de sistemas digitais, a união do BRICS nessa agenda se torna cada vez mais relevante, reforçando o grupo como um ator fundamental na definição do futuro da segurança tecnológica mundial.
Marcelo Câmara, diretor do Departamento de Assuntos Estratégicos, Defesa e Desarmamento do Ministério das Relações Exteriores (MRE), que coordena o Grupo de Trabalho em Tecnologia do BRICS, ressaltou a maturidade alcançada pelo grupo. "A segurança cibernética exige uma abordagem coletiva, e o BRICS, com sua diversidade, tem muito a contribuir", afirmou. Ele destacou que o assunto já é tratado em outros fóruns, como a ONU, mas que o grupo pode oferecer soluções práticas e inclusivas.
André Molina, secretário de Segurança da Informação do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), reforçou que os países do BRICS enfrentam ameaças semelhantes, mas em diferentes estágios de preparação. "Alguns estão mais avançados, outros ainda em desenvolvimento, mas todos sofrem com crimes, vazamento de dados e ataques a infraestruturas críticas", explicou. A proposta em debate, segundo ele, tem enfoque em criar mecanismos de resposta rápida, compartilhar boas práticas e estabelecer pontos de contato direto entre as nações.
A cooperação em investigações criminais também foi um dos destaques da reunião. Priscila Busnello, delegada da Polícia Federal (PF) e responsável pelo setor de cooperação internacional em crimes cibernéticos, explicou que os delitos digitais frequentemente envolvem múltiplas jurisdições. "Um crime que a gente investiga no Brasil, por exemplo: o autor está aqui no país, a vítima está em um país europeu, a empresa está em um país asiático. Então a gente precisa muito que essa cooperação seja fácil, rápida, ágil e que obedeça a todos os requisitos legais", disse. Ela citou que a discussão para formalizar um memorando de entendimentos entre o BRICS facilita a troca de informações e o apoio jurídico mútuo.
Desenvolvimento de capacidades e compartilhamento de conhecimento

Representantes dos países expressaram confiança no potencial do BRICS para influenciar a governança global da internet. Essa cooperação é essencial em um mundo sem fronteiras digitais, conforme avaliação do Dr. Jabu Mtsweni, do Conselho de Pesquisa Científica da África do Sul. Ele destacou a importância da colaboração entre os países-membros em pesquisa e desenvolvimento. “Um dos principais desafios é a necessidade de superar a dependência de soluções estrangeiras, especialmente em setores estratégicos como a cibersegurança. Trata-se de analisar a situação geopolítica e encontrar formas de cooperar com nossos parceiros do BRICS para desenvolver nossas próprias soluções locais", afirmou Mtsweni.
Um ponto crítico abordado foi a escassez de profissionais qualificados em segurança de Tecnologias da Informação e Comunicação. O especialista sul-africano enfatizou a importância da união entre os países do grupo para capacitação e troca de experiências. Jabu Mtsweni destacou que a cooperação entre nações com realidades semelhantes – especialmente no hemisfério sul – permite enfrentar desafios comuns de forma mais eficiente. "Quando trabalhamos juntos, podemos fazer mais e ficamos mais fortes. Temos vozes mais poderosas do que agindo individualmente", ressaltou.
Cibersegurança e cooperação acadêmica do BRICS
Em apresentação para representantes dos países do BRICS, Lisandro Granville, diretor-geral da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), destacou as iniciativas da instituição no campo da cibersegurança e a importância da produção acadêmica para o desenvolvimento de soluções inovadoras. Um dos destaques da apresentação foi um mapa interativo que localiza pesquisadores, programas de pós-graduação e grupos de estudo em cibersegurança no Brasil, facilitando a identificação de especialistas e linhas de pesquisa.

O diretor da RNP enfatizou que a cibersegurança é um tema crítico não apenas para a área de Tecnologia da Informação, mas para a sociedade como um todo, com implicações geopolíticas. "Qualquer nova tecnologia traz consigo vulnerabilidades que antes não existiam. Ataques cibernéticos podem ser coordenados entre nações ou até mesmo realizados por indivíduos com ferramentas acessíveis", alertou Granville.
Granville também destacou a importância da pesquisa acadêmica para antecipar desafios futuros, como a computação quântica e os algoritmos pós-quânticos, que ainda não são uma realidade no cotidiano, mas demandam preparação. Sobre a colaboração entre os países do BRICS, ele avalia que a produção conjunta é fundamental para fomentar parcerias. "Nosso objetivo foi mostrar o que o Brasil tem feito para que outros países possam replicar nossas soluções, assim como nós podemos aprender com as experiências deles", afirmou.
A reunião reforçou o compromisso do grupo em promover inovação tecnológica conjunta e maior influência na governança digital internacional, reduzindo assimetrias com o compromisso de avançar em acordos operacionais, como a criação de canais de comunicação direta e a formalização de parcerias para treinamento e compartilhamento de tecnologias.
O grupo deve continuar suas discussões nos próximos meses para detalhar os mecanismos de cooperação, com expectativa de concluir os primeiros acordos. Enquanto isso, as equipes técnicas trabalharão na padronização de protocolos e no mapeamento de ameaças comuns, visando uma resposta mais eficiente do grupo aos crimes cibernéticos.