Financiamento climático é o foco do Banco do BRICS
Segundo Lula, banco já investiu 40 bilhões de dólares em ações no setor. A atual presidente da organização, Dilma Rousseff (ex-presidente do Brasil), afirmou que o NDB deve estar na vanguarda dos investimentos relacionados a mudança do clima e transição energética

O financiamento climático foi o principal tema da abertura da 10ª Reunião Anual do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), realizada na sexta-feira, 4 de julho, no Rio de Janeiro. Os destaques foram as ações do banco para energia limpa, eficiência energética, proteção ambiental e abastecimento de água, que somam cerca de US$ 40 bilhões de dólares. Segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a iniciativa atual do banco de direcionar 40% dos financiamentos para iniciativas de desenvolvimento sustentável vai constar da declaração final do encontro do BRICS, que acontece nos dias 6 e 7 de julho, também no Rio.
O Novo Banco de Desenvolvimento é um banco multilateral, criado em 2015 pelos cinco países fundadores do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), com o objetivo de financiar projetos e países emergentes. A atual presidente da organização, Dilma Rousseff (ex-presidente do Brasil), afirmou que o NDB deve estar na vanguarda dos investimentos para adaptação climática e transição energética, priorizando principalmente países mais afetados por eventos climáticos extremos. Lula enfatizou a rápida liberação de verbas após a tragédia no Rio Grande do Sul, ocorrida em 2024.
De acordo com a Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês), financiamento climático é todo investimento — público ou privado, nacional ou internacional, uni, bi ou multilateral — que tenha como objetivo apoiar ações que busquem a mitigação e a adaptação à mudança do clima.
No Brasil, o Banco de Desenvolvimento do BRICS, através de seu Conselho de Administração, já aprovou 29 projetos, totalizando um investimento de 6,4 bilhões de dólares. Um dos mais recentes é o Projeto de Desenvolvimento Sanitário no Pará (Pará Sanitation Development Project), com um financiamento de 50 milhões de dólares, aprovado pelo NBD em março deste ano. Dentre as propostas está um avanço na qualidade do saneamento básico com impacto na capital paraense, Belém, que sediará a Conferência do Clima da ONU em novembro, e mais sete municípios.
O banco arrecada recursos tanto com seus membros quanto em outros mercados internacionais. Uma das fontes de recursos é a emissão de títulos em moedas locais - alinhada à estratégia de diversificar outras formas de transações além do dólar. O ciclo estratégico da instituição para o período 2022-2026 prevê uma meta de investimento de 30 bilhões de dólares.
A instituição é formada por 10 membros: além dos 5 fundadores, Bangladesh, Emirados Árabes Unidos, Egito, Argélia e, mais recentemente, Uruguai, que está em processo de adesão. A ampliação do número de países-membros deve continuar ao menos até 2026. A ideia é expandir a influência e relevância da instituição no globo e consolidar como ferramenta de cooperação entre os países emergentes e em desenvolvimento.