BANCO DO BRICS

Em celebração de 10 anos, modelo financeiro “mais justo” do NDB é homenageado

O presidente Lula esteve com a presidenta do NDB, Dilma Rousseff, no Rio de Janeiro, para celebrar os avanços do “banco do BRICS". Debate sobre reforma de instituições financeiras mundiais está entre prioridades de negociações do BRICS

Presidente Lula e presidenta do NDB, Dilma Rousseff, celebram dez anos do NDB em cerimönia no RJ, às vésperas da Cúpula do BRICS - Foto: Ricardo Stuckert / PR
Presidente Lula e presidenta do NDB, Dilma Rousseff, celebram dez anos do NDB em cerimönia no RJ, às vésperas da Cúpula do BRICS - Foto: Ricardo Stuckert / PR

Por Mayara Souto / BRICS Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da abertura do evento de dez anos do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), ao lado da presidenta do banco de desenvolvimento, Dilma Rousseff, na manhã desta sexta-feira, 4/7, no Rio de Janeiro. Na ocasião, ele destacou a importância do “Banco do BRICS” para avançar na reforma de instituições financeiras - assunto que está em negociação para constar na Declaração Final do BRICS deste ano. 

“O NDB nasceu aqui no Brasil, na Cúpula de Fortaleza de 2014. A decisão de criá-lo foi um marco na atuação conjunta dos países emergentes. É fruto do desejo compartilhado de superar o profundo déficit de financiamento para o desenvolvimento sustentável. A falta de reformas efetivas das instituições financeiras tradicionais limita, há décadas, o volume e os tipos de crédito oferecidos pelos nossos bancos multilaterais”, disse Lula, que também destacou a parceria do Banco no lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, durante presidência do G20, no ano passado, e a Rede de Pesquisa de Tuberculose do BRICS.

A hoje presidenta do NDB, Dilma Rousseff, ocupava a presidência da república na ocasião da criação do banco. “A criação do Novo Banco de Desenvolvimento, mais do que um simples marco institucional, foi algo maior, uma declaração política de intenções e de práticas”, relembrou.

“Nós estamos apenas começando. Em nossa primeira década, o NDB lançou as bases. Na próxima década, devemos consolidar nosso papel de liderança para o desenvolvimento equitativo, sustentável e autônomo em um mundo multipolar. O que significa desenvolver ainda mais uma instituição que não seja apenas financeiramente sólida, mas que também seja politicamente relevante e transformadora”, disse ainda Rousseff.

Lula destacou a importância do NDB para o debate internacional de reforma de instituições financeiras internacionais, que é tópico de debate do eixo de Finanças do BRICS. “Nosso banco é mais do que um grande banco para a saída emergente. Ele é a comprovação de que uma arquitetura financeira reformada e um novo modelo de desenvolvimento mais justo é possível”, disse o presidente.

O ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, também presente na solenidade, destacou que o  NDB obteve aprendizado com outras instituições financeiras e aprimorou o compromisso com a equidade. “Ao celebrarmos os 10 anos do NDB, reafirmamos nossa convicção de que é possível construir um modelo de cooperação sensível às necessidades dos nossos países. Que a próxima década seja marcada por ainda mais ambição, mais parcerias transformadoras e mais impacto positivo para gerações presentes e futuras” resumiu. 

Ministros da Fazenda dos outros países-membros do BRICS – como África do Sul, Índia e Rússia – também estiveram presentes no evento. A reunião técnica de Finanças do BRICS ocorre nesta tarde, na sequência do NDB, e a ministerial neste sábado, 5/7. 

Financiamento Climático

Parte da Declaração Final do BRICS, o financiamento climático foi enfatizado na discussão atual do NDB e do agrupamento. “A Conferência de Sevilla, encerrada há poucos dias, deixou claro que os recursos para a implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) ainda não estão disponíveis na velocidade e na quantidade necessária. Em vez de aprofundar as disparidades, o Novo Banco de Desenvolvimento assenta a sua governança na igualdade ", apontou Lula.

“Hoje, o NDB contribui de forma crescente na promoção de uma transição justa e soberana. Desde sua criação, mais de 120 projetos de investimento no valor de US$ 40 bilhões de dólares foram aprovados para a energia limpa, eficiência energética, transporte, proteção ambiental, abastecimento de água e ferramentas. No Brasil, os recursos do NDB já financiaram mais de 20 projetos em diferentes setores de e regiões do país, totalizando mais de US$ 3,5 bilhões de dólares. Sua rápida ação, diante da catástrofe causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul, confirma a sua agilidade frente à situação difícil”, apontou Lula.

"O compromisso do NDB de direcionar 40% de seus financiamentos para projetos de desenvolvimento sustentável está alinhado com a Declaração sobre o Financiamento Climático, que adotaremos na Cúpula do BRICS. Essa é uma iniciativa que serve de estímulo e mobilização de recursos na reta final, que nos levará à COP30, em Belém, no coração da Amazônia”, acrescentou o presidente, que reforçou o desafio brasileiro de alcançar US$ 1,3 trilhão de dólares para o financiamento climático mundial na COP30. 

A presidenta do NDB, Dilma Rousseff, também destacou a importância desse financiamento e garantiu esforço para avançar a agenda. “O financiamento climático, mais do que uma mera promessa, deve ser um mecanismo concreto em prol da adaptação, transição energética e resiliência, principalmente nos países mais afetados por eventos climáticos extremos. O NDB precisa estar na vanguarda desse esforço, ampliando os investimentos em infraestrutura verde, energia limpa, transição energética e tecnologias inteligentes para o clima”, apontou ela.