IBGE lança mapa-mundi invertido em celebração a presidência brasileira do BRICS
A publicação, que inverte a lógica de apresentação dos continentes, privilegiando o sul ao topo, busca representar, na cartografia, a nova geopolítica global impulsionada pela emergência do Sul Global

Com informações do IBGE
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou o mapa-múndi invertido, em alinhamento com o ideal de fortalecimento entre países do Sul Global proposto pelo BRICS, grupo o qual o Brasil preside neste ano, e de manutenção do bloco sul-americano Mercosul, o qual o país assume a presidência pró-tempore semestral em julho. No último ano, o IBGE já havia lançado o mapa-múndi com o Brasil no centro do mundo, alusivo à presidência do G20, fórum que congrega as principais economias do mundo.
“A publicação do novo mapa-mundi pelo IBGE alcançou êxito instantâneo, considerando o importante debate aberto e destravado sobre o Brasil diante da nova geopolítica global impulsionada pela emergência do Sul Global. Da mesma forma, a posição colhida junto aos estudiosos e especialistas em cartografia na geografia confirma a continuidade do rumo certo do IBGE”, declarou Márcio Pochmann, presidente do Instituto, em publicação no site da rede social X (antigo Twitter).
A maior parte do mundo está acostumada a ver a América do Norte no topo do mapa e a América do Sul embaixo, mas essa representação não é a única possível e nem a única que foi registrada durante a história. Mas não existe uma razão técnica para colocar os pontos cardeais nas direções convencionais e, portanto, a representação tradicional é tão correta quanto à representação invertida.
A convenção cartográfica do Norte, para cima, e do Leste, para a direita, foi estabelecida pelo astrônomo Ptolomeu e foi amplamente adotada por outros cartógrafos como Mercator e Waldseemüller. Mas existem mapas que têm outra orientação, em que o Norte não está no topo. É o caso, por exemplo, dos mapas medievais ou de alguns mapas feitos por outras culturas.
Nos mapas modernos, há questões relacionadas a reivindicações políticas ao realizar a inversão de representação e/ou de dimensão dos continentes, geralmente realizadas por países localizados no Hemisfério Sul. Segundo a geógrafa Nicole De Armendi, a orientação dos mapas “afirma posições de poder, traça certas redes globais e estabelece relações hierárquicas entre as nações e os continentes”. Um exemplo notório é o desenho “América Invertida”, assinado pelo artista hispano-uruguaio Joaquín Torres García, de 1943. A obra, que privilegia o sul ao topo, tornou-se um símbolo para latino-americanos em seus esforços para se tornarem reconhecidos na visão geral do mundo.

A divulgação do novo mapa, com versão em português e inglês, está associada a outras ações do Instituto, como o lançamento de pesquisas e indicadores, entre outras atividades de disseminação de informações a nível de eventos nacionais e internacionais. Dentre estes, a primeira reunião de trabalho finalística para o 4° Fórum CELAC-China, que aconteceu no Centro Nacional de Convenção da China, cidade de Pequim, nesta semana. Na oportunidade, Pochmann presenteou a presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) Dilma Rousseff, e o primeiro-ministro da República Popular da China, Li Qiang, com o novo produto cartográfico.
Como adquirir?
O novo mapa-múndi pode ser adquirido, em diferentes dimensões, tanto na loja virtual do IBGE (com prazos de entregas variados), quanto no espaço físico do Instituto, no centro do Rio de Janeiro (RJ). A livraria do IBGE lançou uma promoção de 30% de desconto para os clientes que forem presencialmente comprar o mapa no endereço no Rio, bem como aos que comprarem pela internet mas retirarem no endereço físico.