ESPORTE

Memorando do BRICS une esporte e políticas públicas para reduzir desigualdades e promover inclusão social

Ministros do BRICS firmam acordo histórico para usar o esporte como ferramenta de transformação social. Documento destaca o potencial do esporte para reduzir desigualdades, promover inclusão e impulsionar o desenvolvimento econômico nos países-membros

Ministros dos Esportes dos países do BRICS aprovaram Memorando de Entendimento sobre a Cooperação no Campo da Cultura Física e do Esporte, no Palácio do Itamaraty - Foto: Isabela Castilo / BRICS Brasil
Ministros dos Esportes dos países do BRICS aprovaram Memorando de Entendimento sobre a Cooperação no Campo da Cultura Física e do Esporte, no Palácio do Itamaraty - Foto: Isabela Castilo / BRICS Brasil

Por Inez Mustafa | BRICS Brasil

Compartilhando políticas públicas para a promoção do esporte entre os países-membros, os ministros do Esporte do BRICS assinaram o Memorando de Entendimento sobre a Cooperação no Campo da Cultura Física e do Esporte, nesta quarta-feira, 4/6. Sob as diretrizes do Ministério dos Esportes do Brasil, o memorando conecta o esporte a diversas questões sociais, contribuindo para a saúde física e mental, o bem-estar, a inclusão e o desenvolvimento econômico.

"A assinatura do memorando de entendimento que hoje celebramos é o resultado do compromisso de novas delegações, maturidade institucional e reconhecimento do grupo do BRICS. O esporte é um instrumento de desenvolvimento, inclusão, transformação social e união dos povos", declarou André Fufuca, ministro dos Esportes do Brasil.

O memorando reflete prioridades compartilhadas e aspirações convergentes, reforçando princípios éticos, defendendo a integridade esportiva, promovendo o esporte inclusivo e estabelecendo diretrizes para a cooperação entre os países do BRICS, nos próximos anos. Para alcançar esses objetivos, Fufuca afirma ser "fundamental investir na governança esportiva, na proteção dos nossos atletas, na transparência e no intercâmbio de boas práticas". A reunião de ministros de Esportes não é um ponto de chegada, senão um novo ponto de partida para a cooperação esportiva do BRICS, conclui o ministro.

Nas palavras de Leulgesed Tadese Abebe, embaixador da Etiópia no Brasil, “o esporte também pode contribuir para o entendimento entre as pessoas”. Foto: Gabriel della Giustina | BRICS Brasil
Nas palavras de Leulgesed Tadese Abebe, embaixador da Etiópia no Brasil, “o esporte também pode contribuir para o entendimento entre as pessoas”. Foto: Gabriel della Giustina | BRICS Brasil
Confira a íntegra do Memorando de Entendimento (em inglês)

Esporte como ponte entre nações

ETIÓPIA — Para Leulgesed Tadese Abebe, embaixador da Etiópia no Brasil, as políticas públicas discutidas no grupo do BRICS buscam criar ambiente favorável para as sociedades desses países, para criar oportunidades, especialmente no âmbito socioeconômico. "Criar políticas e estratégias favoráveis e também tomar iniciativas concretas, com base em políticas públicas, pois elas desempenham papel importante na união de todas as partes interessadas para que possamos aproveitar o poder do esporte em prol da paz e do desenvolvimento inclusivo", enfatizou. 

O embaixador acrescentou que o esporte tem papel fundamental nos três pilares do BRICS. "O esporte promove a paz e a harmonia entre países e sociedades, é um excelente instrumento para gerar oportunidades de trabalho, contribuindo para a prosperidade econômica. Por último, mas não menos importante, o esporte também pode contribuir para o entendimento entre as pessoas, para os laços culturais e, é claro, para a amizade. O BRICS tem tudo a ver com a promoção da amizade, com a promoção de parcerias e com a compreensão mútua".

ÁFRICA DO SUL — Na perspectiva de Gayton Mackenzie, ministro dos Esportes e da Cultura da  África do Sul, o memorando é essencial para que os países do BRICS possam ser guiados por políticas públicas coesas e organizadas, pois esse documento promove o esporte de forma justa. "O esporte é o maior unificador e o maior contribuinte para uma nação socialmente coesa. Para nós, o esporte muda vidas, comunidades e países; mas o mais importante é que o esporte muda as atitudes que as pessoas têm umas das outras", declarou.

Gayton Mackenzie, ministro dos Esportes e da Cultura da África do Sul - Foto: Gabriel della Giustina | BRICS Brasil
Gayton Mackenzie, ministro dos Esportes e da Cultura da África do Sul - Foto: Gabriel della Giustina | BRICS Brasil

O ministro explicou que o esporte é uma ferramente de transformação social, indo além do entretenimento e assume um papel político-identitário. Na África do Sul, o esporte foi usado para a construção da identidade nacional pós-apartheid, pois ele promove linguagem comum que transcende diferenças sociorraciais, na visão de Nelson Mandela. "É importante que o esporte seja usado não apenas para entretenimento, mas também para unificar e conscientizar socialmente as pessoas de que somos uma nação", conclui o ministro.

Bolsa Atleta

No discurso de abertura, Fufuca destacou o programa Bolsa Atleta como fundamental para reduzir a evasão esportiva, democratizar o acesso a recursos para treinamento e aumentar a competitividade do Brasil em eventos internacionais. Criado em 2004, “o auxílio financeiro direto a atletas brasileiros começou a suprir uma carência esportiva que os atletas necessitam de apoio estatal”, declarou o ministro.

Em 2023, o Bolsa Atleta foi reajustado, após 14 anos com valores congelados. O ministro afirma que 100% dos atletas olímpicos e paralímpicos que conquistaram medalha em 2024, nos Jogos de Paris, foram beneficiados pelo programa. "O programa assiste mais de 10 mil beneficiados, com bolsas que vão de mil reais a 15 mil reais. Em 2025, foram investidos 176 milhões reais nos atletas brasileiras", informou o Fufuca.