JUVENTUDE

UFMG recebe países do BRICS em olimpíada internacional de química

A Olimpíada foi criada na Faculdade de Química da Universidade Estatal de Moscou Lomonosov, com o intuito de incentivar o desenvolvimento de talentos científicos na área da química.

Foto: Getty Images
Foto: Getty Images

Do Ministério da Educação

A Olimpíada Internacional de Química Mendeleev (IMChO), originada na Rússia e considerada uma das maiores competições mundiais para jovens do ensino médio, vai ocorrer pela primeira vez fora da Eurásia. De 5 a 12 de maio, o Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas (ICEx) da UFMG vai receber cerca de 200 estudantes do ensino médio, vindos de mais de 20 países, incluindo África do Sul, China, Índia, Arábia Saudita, Egito e Emirados Árabes Unidos – que compõem o grupo do BRICS –, para a realização das provas práticas e teóricas que integrarão a 59ª edição da competição.

Estudantes brasileiros começaram a participar da IMChO recentemente, e as equipes brasileiras têm demonstrado resultados promissores, conquistando medalhas nas edições de 2023 e 2024, realizadas no Cazaquistão e na China.

A Olimpíada foi criada na Faculdade de Química da Universidade Estatal de Moscou Lomonosov, com o intuito de incentivar o desenvolvimento de talentos científicos na área da química. O professor João Paulo Ataide Martins, do Departamento de Química do ICEx/UFMG, costuma acompanhar as delegações brasileiras de estudantes em viagens para as competições internacionais. Segundo ele, esse tipo de disputa é essencial para gerar o interesse dos estudantes.

“Trata-se de uma competição de alto nível que propicia aos estudantes mais talentosos do país a oportunidade de entrar em contato com os conteúdos mais avançados da química, o que é muito importante para a formação deles. Além disso, a olimpíada é uma experiência muito enriquecedora, pois possibilita que eles entrem em contato com outras culturas e conheçam gente de todo o mundo", diz.

A professora Arilza de Oliveira Porto, chefe do Departamento de Química, acrescenta que a interação com estudantes e professores de outros países é benéfica porque possibilita que os estudantes brasileiros conheçam a infraestrutura das universidades de outros países. Isso os incentiva a permanecer na área e a buscar oportunidades de estudo também fora do Brasil. Além disso, o torneio ajuda a atrair mais mulheres para o campo da química, que é predominantemente masculina. Fazemos um esforço contínuo para atrair mulheres para a química, e o campeonato contribui para isso", avalia.

Porto acrescenta que o torneio pode, ainda, ser usado para a seleção de estudantes para o ensino superior, uma vez que muitas universidades já oferecem cotas para alunos premiados nas competições. “Em vários países, os medalhistas olímpicos têm vagas garantidas nas universidades. Temos o interesse de estender isso aqui na UFMG, é uma demanda que pretendemos debater com a Universidade." 

A reitora Sandra Regina Goulart Almeida destaca que o Brasil sedia a Olimpíada Internacional de Química Mendeleev no momento em que o país preside o bloco Brics. “O Brasil está implementando diversas iniciativas para melhorar o ensino escolar e universitário, além de criar programas de capacitação contínua para professores. Para alcançar os objetivos de desenvolvimento nacional, precisamos de químicos. Por isso, buscamos inspirar jovens a escolher essa ciência como profissão. Por meio da Olimpíada Mendeleev, esperamos motivar descobertas na área e ajudar os participantes a construir laços com talentos de todo o mundo”, disse. 

Para os idealizadores russos da Olimpíada, o evento também contribui para a popularização da educação química e para a disseminação das melhores práticas de educação, estabelecendo a base para a formação de futuros cientistas, industriais e pensadores. O evento é, então, uma oportunidade de aumentar o prestígio da profissão de químico. 

Segundo o diretor do Departamento de Química da Universidade Estadual de Moscou e vice-presidente da Academia Russa de Ciências, Stepan Kalmykov, em quase 60 anos, o torneio tem sido uma plataforma para troca de experiências e conhecimento entre jovens apaixonados pela química. "É a geração mais jovem que enfrenta a tarefa de alcançar tanto os objetivos nacionais de seus países quanto aqueles comuns a toda a humanidade. A competição promove a troca de experiências entre estudantes talentosos de todo o mundo, aproximando países e povos em prol da prosperidade universal", disse.

 Em três rodadas

Os estudantes participarão de três rodadas de testes, duas teóricas e uma prática. As tarefas da primeira rodada teórica correspondem, em termos de complexidade, ao programa de aulas especializadas. Na segunda rodada teórica, são oferecidas atividades de nível mais elevado que podem abranger diversas áreas da química, como a orgânica, a inorgânica, a física, a analítica ou as ciências da vida. 

A terceira rodada de testes é prática, e os alunos utilizarão os laboratórios de ensino do Departamento de Química da UFMG. A rodada experimental da Olimpíada tem duração de cinco horas e exige que os participantes demonstrem habilidades para trabalhar em um laboratório, realizando análises de substâncias de acordo com as metodologias propostas.  

Ao longo de toda a competição, os mentores dos participantes também se reúnem com professores, realizam mesas-redondas, seminários e masterclasses, o que fomenta iniciativas de cooperação entre as instituições participantes. Os vencedores da Olimpíada Internacional de Mendeleev recebem medalhas de bronze, prata e ouro. Alguns países participantes também podem oferecer aos seus vencedores bolsas de estudos ou prêmios em dinheiro.

Olimpíada Internacional de Química Mendeleev

O torneio recebeu esse nome em homenagem ao químico russo Dmitry Ivanovich Mendeleev, que descobriu a lei periódica, com base na qual foi criada a Tabela Periódica dos Elementos Químicos.

A edição deste ano é organizada pela UFMG, pela Faculdade de Química da Universidade Estadual de Moscou e pela Fundação Melnichenko, que reconhece os vencedores da competição individual com o Prêmio Acadêmico Valery Lunin, criado em homenagem ao fundador da Olimpíada Mendeleev e grande responsável por sua projeção internacional.

Texto original