BOLETIM BRICS

Boletim BRICS Brasil #22 | BRICS fortalece cooperação em segurança cibernética

Em reunião em Brasília, países do BRICS discutem ações conjuntas para fortalecer a cibersegurança e compartilhamento de informações e boas práticas. Países do grupo buscam reduzir dependência de soluções estrangeiras e promover governança digital mais inclusiva, com foco em respostas rápidas a ameaças transnacionais. Ouça a reportagem especial e saiba mais.

Reunião em Brasília BRICS deu enfoque à cooperação em cibersegurança | Foto: Rafa Neddermeyer/BRICS Brasil/PR
Reunião em Brasília BRICS deu enfoque à cooperação em cibersegurança | Foto: Rafa Neddermeyer/BRICS Brasil/PR


Reportagem Leandro Molina / leandro.molina@presidencia.gov.br

Repórter: Com o aumento de ataques e crimes virtuais, discutir cibersegurança é essencial para a proteção de dados e infraestruturas. A falta de preparo de empresas, governos e usuários pode levar a prejuízos financeiros e violação de privacidade. Neste contexto, os países do BRICS deram mais um passo para fortalecer a colaboração em segurança cibernética durante a 11ª Reunião do Grupo de Trabalho sobre Segurança no uso das Tecnologias da Informação e Comunicação, realizada de forma presencial em Brasília (DF). 

O embaixador Carlos Márcio Cozendey, secretário de assuntos políticos multilaterais do Brasil, afirmou que o BRICS tem um papel estratégico na construção de um ambiente digital mais seguro e inclusivo.

Carlos Márcio Cozendey: Hoje nessa área de tecnologia de informações não existe fronteira, tudo circula. E você ter um bom relacionamento, por exemplo, entre os centros de emergência, de preparação de emergência, é fundamental, porque acontece um problema aqui, você contacta o outro centro, no outro país, que te ajuda a identificar de onde vem a ameaça, de onde vem o ataque. Então, acho que é muito positivo poder construir essa cooperação aqui dentro do BRICS.

Repórter: Marcelo Câmara, diretor do Departamento de Assuntos Estratégicos, Defesa e Desarmamento do Ministério das Relações Exteriores (MRE), que coordena o Grupo de Trabalho em Tecnologia do BRICS, ressaltou a maturidade alcançada pelo grupo. 

Marcelo Câmara: É um tema que requer uma abordagem coletiva. Esse tema também consta da agenda de outros foros, inclusive da própria Nações Unidas. São países com perfis distintos, países de regiões distintas do globo, mas que tendem, enfim, a cooperar de uma maneira inclusiva, de uma maneira sustentável. 

Repórter: André Molina, secretário de Segurança da Informação do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), reforçou que os países do BRICS enfrentam ameaças semelhantes, mas em diferentes estágios de preparação. 

André Molina: Então o que se busca é que os países consigam chegar a um consenso sobre formas de colaboração, incentivos para treinamento, designação de pontos de contato mais ágeis para trabalhar dentro dessa resposta cibernética. 

Repórter: A cooperação em investigações criminais também foi um dos destaques da reunião. Priscila Busnello, delegada da Polícia Federal (PF), explicou que os crimes digitais frequentemente envolvem múltiplas jurisdições.

Priscila Busnello: Um crime que a gente investiga aqui no Brasil, por exemplo. O autor está no Brasil, a vítima está em um país europeu, a empresa está em um país asiático e a VPN que alguém usou está nos Estados Unidos ou no México. Então a gente precisa muito da cooperação, precisa que essa cooperação seja fácil, rápida, ágil e que obedeça a todos os requisitos legais, obviamente.

Repórter: Representantes dos países expressaram confiança no potencial do BRICS para influenciar a governança global da internet. Essa cooperação é essencial em um mundo sem fronteiras digitais, conforme avaliação do Dr. Jabu Mtsweni, do Conselho de Pesquisa Científica da África do Sul. 

Jabu Mtsweni: Um dos principais desafios é a necessidade de superar a dependência de soluções estrangeiras, especialmente em setores estratégicos como a cibersegurança. Trata-se de analisar a situação geopolítica e encontrar formas de cooperar com nossos parceiros do BRICS para desenvolver nossas próprias soluções locais.  

Repórter: Em apresentação para representantes dos países do BRICS, Lisandro Granville, diretor-geral da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), destacou a importância da pesquisa acadêmica para antecipar desafios futuros.

Lisandro Granville: Na área de TICs, qualquer nova tecnologia traz consigo inevitavelmente vulnerabilidades que não existiam antes. Então, tratar de cibersegurança para todos os aspectos de TICs e da sociedade é essencial.

Repórter: O grupo deve continuar suas discussões nos próximos meses para detalhar os mecanismos de cooperação, com expectativa de concluir os primeiros acordos. Enquanto isso, as equipes técnicas trabalharão na padronização de protocolos e no mapeamento de ameaças comuns, visando uma resposta mais eficiente do grupo aos crimes cibernéticos.