Boletim BRICS Brasil #51 - Fórum Acadêmico do BRICS apresenta portfólio inédito mapeando 180 mecanismos de cooperação do grupo
O documento sistematiza as principais iniciativas implementadas ao longo dos anos, com o objetivo de fortalecer a governança do grupo e servir de referência para os países que passaram a integrar o BRICS recentemente ou que pretendem aderir futuramente. Ouça a reportagem e saiba mais.
Reportagem: Leandro Molina / BRICS Brasil
Repórter: Foi realizado em Brasília o 17º Fórum Acadêmico do BRICS, que reuniu especialistas de centros de estudos que elaboram propostas e análises para políticas públicas. Em dois dias de evento, coordenado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o trabalho foi focado em seis eixos prioritários. Luciana Servo, presidenta do Ipea, destacou o papel estratégico do BRICS como plataforma de articulação entre os países do Sul Global.
Luciana Servo: Os países no mundo, eles têm várias questões em comum. Vamos pensar, por exemplo: o Brasil e o mundo sofreram uma pandemia de convite. Todos os países do mundo produziam vacina de COVID? Não. Então eu precisava de uma cooperação global para ter acesso à vacina. Então, esses países, no modelo de cooperação, se você está cooperando dentro dos BRICS, há uma possibilidade de transferência de tecnologia e de discussão sobre o acesso à vacina. Nós tivemos vacinas, por exemplo, da China chegando ao Brasil. Esse é um exemplo concreto de possibilidade de cooperação.
Repórter: Um dos principais resultados encontro foi a aprovação de um Portfólio de Mecanismos de Cooperação do BRICS, elaborado pelo Conselho de Think Tanks do BRICS sob coordenação do Ipea, que apresenta um mapeamento inédito de 180 mecanismos de cooperação desenvolvidos pelos países-membros desde a fundação do grupo. Keiti da Rocha Gomes, diretora de Estudos Internacionais do Ipea, explicou que este trabalho representa um marco na institucionalização do BRICS.
Keiti da Rocha Gomes: Esse portfólio é um mapa de todas as iniciativas que existem no BRICS hoje, algo que é inédito no BRICS. Quando a gente foi se debruçar sobre as iniciativas que existem, são mais de 180 iniciativas. E sob a liderança do Brasil, a gente está junto com o grupo, mapeando o que significam essas iniciativas, quais organismos participam, quais ministérios, no caso do Brasil, que institucionalidade participa de outros países, quanto avançou, quais são os principais problemas mapeados. Ou seja, a gente vai ter uma fotografia do que constitui o BRICS a partir dos mecanismos.
Veja aqui o Portfólio de Mecanismos de Cooperação do BRICS
Repórter: Os debates revelaram convergências importantes entre os membros do BRICS. Dr. Samir Saran, presidente da Fundação de Pesquisa Observer, da Índia, traçou paralelos entre as trajetórias dos dois países.
Samir Saran: O que estou tentando dizer é que nós dois estamos trabalhando pelas massas. Portanto, a tecnologia que eleva um grande número de pessoas é uma prioridade brasileira e é uma prioridade indiana. Mas, há duas décadas, vocês tinham um esquema chamado Bolsa Família, no qual falavam de um programa social que elevaria comunidades, vilarejos, cidades e povoados. Tiramos 200 milhões de pessoas da pobreza nos últimos 20 anos. Se você analisar a agenda brasileira e a agenda indiana, sabe que não encontrará muita diferença.
Repórter: Sarah Mosoetsa, CEO do Conselho de Pesquisa em Ciências Humanas, da África do Sul, enfatizou o caráter prático da cooperação no BRICS.
Sarah Mosoetsa: Sabemos que o Brasil e a África do Sul têm muito em comum, mas o mesmo acontece com a Índia e com a Rússia. Acho que essa é uma maneira de dizer ao mundo que nossa colaboração é mais do que apenas uma conversa. Trata-se de aspectos práticos e de algumas das ideias que temos. O BRICs oferece uma oportunidade prática de esperança.
Repórter: O Fórum Acadêmico do BRICS consolida recomendações que serão apresentadas aos líderes do BRICS durante a cúpula, nos próximos dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro.
