Boletim BRICS Brasil #58 - Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) consolida expansão estratégica e reforça compromisso com desenvolvimento sustentável do Sul Global

Reportagem: Leandro Molina / BRICS Brasil
Repórter: Em um momento marcado por transformações na geopolítica econômica mundial, o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB na sigla em inglês), presidido por Dilma Rousseff, reafirmou seu papel como instituição financeira inovadora. Em coletiva de imprensa no Rio de Janeiro, durante evento do BRICS, a presidenta Dilma apresentou um panorama dos avanços da instituição, destacando desde a entrada de novos membros até os desafios superados após um período de turbulência financeira, sempre com foco em seu mandato principal: promover o desenvolvimento sustentável e soberano das nações do Sul Global.
Dilma confirmou a aprovação da Colômbia e do Uzbequistão como novos integrantes do banco, decisão tomada pelo Conselho de Governadores — formado pelos ministros da Fazenda dos países participantes do BRICS. Com essas adesões, o NDB passa a contar com 11 membros.
Dilma Rousseff: Avançar na expansão da adesão de novos membros de forma estratégica, reforçando nossa posição como uma plataforma de desenvolvimento representativa do Sul Global. Em síntese, nossa disposição a aceitar vários novos membros que integrarão o banco.
Repórter: A governança do NDB foi outro eixo central da explanação. Dilma diferenciou o modelo adotado pela instituição em relação aos paradigmas tradicionais de organizações como FMI e Banco Mundial.
Dilma Rousseff: Nós somos um banco que foi feito pelo Sul Global para o Sul Global. O Sul Global controla o banco. Quem são os sócios do banco são os países, os chamados mercados emergentes e os países em desenvolvimento. Esses países têm igualdade de condição. Não existe um país com o maior poder sobre o outro. Nenhum país pode decidir o que o banco faz. Ou se decide em consenso, ou não se decide.
Repórter: Desde que assumiu o comando do banco em março de 2023, Dilma liderou uma vigorosa retomada das emissões de títulos, conseguindo levantar impressionantes 16,1 bilhões de dólares apenas em 2024, com taxas que demonstram a recuperação da confiança do mercado.
Dilma Rousseff: Se a gente não reduzir a taxa de juros, a gente não consegue emprestar. Um empréstimo é função da nossa capacidade de colocar disponível.
Repórter: A carteira de projetos do NDB atingiu a marca de 40 bilhões de dólares em financiamentos aprovados desde sua criação, distribuídos em 122 iniciativas estratégicas, com 22,4 bilhões de dólares já efetivamente desembolsados. No caso específico do Brasil, os investimentos somam 2,3 bilhões de dólares, abrangendo áreas tão diversas quanto infraestrutura logística, energia limpa e modernização do sistema de saúde.
A estratégia de investimentos segue quatro eixos prioritários. A infraestrutura logística, a transformação digital, a infraestrutura social e a transição energética completam o quadro de prioridades. Questionada sobre o polêmico tema da "desdolarização", Dilma analisou que não vê evidências concretas de um declínio iminente do dólar como principal moeda de reserva global.
Dilma Rousseff: Essa história de desdolarização, vamos colocar assim, entre aspas, eu acho extremamente complicada. Não vejo assim, com seriedade, que isso esteja ocorrendo. Não dá para falar só por um movimento. Então tem que esperar e olhar. Então eu não vejo claramente, nenhum sinal de desdolarização. Não vejo.
Repórter: Com os novos anúncios, o plano estratégico traçado, o banco do BRICS se consolida como ator cada vez mais relevante no cenário financeiro internacional, oferecendo um modelo alternativo que combina solidez técnica com respeito às especificidades dos países em desenvolvimento.