Boletim BRICS Brasil #63 - Cúpula do BRICS firma compromisso histórico no Rio para uma governança mais inclusiva e sustentável
No 17º encontro dos líderes, o BRICS assumiu 126 compromissos que abrangem governança global, finanças, saúde, inteligência artificial, mudanças climáticas entre outros temas estratégicos. Ouça a reportagem e saiba mais.

Reportagem: Maiva D’Auria / BRICS Brasil
Locução: Leandro Molina / BRICS Brasil
Repórter: Os líderes das 11 maiores economias emergentes do mundo assinaram no Rio de Janeiro a Declaração Conjunta da 17ª Cúpula do BRICS. O documento sela o compromisso do grupo com o fortalecimento do multilateralismo, a defesa do direito internacional e a busca por uma ordem global mais equitativa. A declaração reflete meses de articulação intensa, com mais de 200 reuniões e novos mecanismos de cooperação criados ou fortalecidos em áreas como combate à fome, mudanças climáticas e tecnologias emergentes. Em seu discurso, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou o compromisso e o espírito do BRICS de respeito e compreensão mútuos, igualdade soberana, democracia, inclusão, colaboração e consenso.
Lula: Nós não podemos continuar com as organizações multilaterais funcionando da mesma forma que funcionavam no momento da sua criação. É preciso ter inovação nas instituições que foram criadas logo depois da Segunda Guerra Mundial para que a gente possa fortalecer a democracia e o multilateralismo.
Repórter: Os países concordaram que, diante das realidades contemporâneas de um mundo multipolar, é fundamental que os países em desenvolvimento fortaleçam seus esforços para promover diálogo e consultas com vistas a uma governança global mais justa e relações mutuamente benéficas entre as nações.
Lula: É a primeira vez que os chefes de Estado e de Governo dos países parceiros participam formalmente. Os países convidados trazem consigo perspectiva de diferentes contextos regionais que enriquecem a articulação de uma visão própria do sul global.
Repórter: Na área financeira, os 11 países enfatizaram a necessidade do aumento das quotas dos países emergentes e em desenvolvimento no FMI e o aumento da participação acionária no Banco Mundial.
Lula: As estruturas do Banco Mundial e do FMI sustentam um plano Marshall às avessas, em que as economias emergentes em desenvolvimento financiam o mundo mais desenvolvido. Os fluxos de ajuda internacional caíram e o custo da dívida dos países mais pobres aumentou. O Brasil apoia um processo de realinhamento de cotas inclusivas com fórmula de cálculos simples, equilibrada e transparente.
Repórter: No aspecto da saúde, os países reafirmaram o comprometimento com o fortalecimento da governança global da saúde, aprimorando a cooperação e a solidariedade. Outro ponto, é que pela primeira vez, a governança da inteligência artificial (IA) passa a ter lugar de destaque na agenda do BRICS com uma visão compartilhada do Sul Global nos aspectos econômicos e de desenvolvimento.
Lula: Ao adotar a Declaração sobre Governança da Inteligência Artificial, o BRICS envia uma mensagem clara e inequívoca. As novas tecnologias devem atuar dentro de um modelo de governança justo, inclusivo e equitativo. O desenvolvimento da Inteligência Artificial não pode se tornar privilégio de poucos países ou um instrumento de manipulação na mão de bilionários.
Repórter: Um dos pilares da declaração também aponta a preocupação com os conflitos em curso em diversas partes do mundo. Além da tradicional declaração de líderes, foram aprovados outros três outros documentos que refletem as prioridades da presidência brasileira: a Declaração Marco dos Líderes do BRICS sobre Finanças Climáticas; a Declaração dos Líderes do BRICS sobre Governança Global da Inteligência Artificial e a Parceria do BRICS para a Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas.