Boletim BRICS Brasil #01 - Mauricio Lyrio: “BRICS é essencial para o fortalecimento das economias emergentes e o combate às desigualdades”
O embaixador Mauricio Lyrio, designado como sherpa pelo governo brasileiro, vai coordenar a agenda do BRICS até a Cúpula de Líderes. Em entrevista exclusiva, ele detalha algumas das prioridades da presidência brasileira em 2025. Ouça a entrevista e saiba mais.
Por Leandro Molina (leandro.molina@presidencia.gov.br)
Repórter: O governo do Brasil anunciou que o embaixador Mauricio Carvalho Lyrio será o negociador-chefe do país no BRICS. Ela vai ocupar o cargo de “sherpa” durante a presidência temporária brasileira do grupo. A nomeação do embaixador destaca o papel estratégico e a experiência de Mauricio Lyrio nas principais negociações internacionais, com foco em fortalecer a posição do Brasil nas relações multilaterais.
Embaixador, como o senhor passou a ser sherpa do BRICS, que têm ganhado cada vez mais destaque nas discussões sobre o futuro da economia mundial?
Mauricio Lyrio: Eu sou diplomata de carreira, embaixador, e como secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, que é o Ministério das Relações Exteriores, eu já era encarregado da área de G20 e também de negociações comerciais e financeiras, no caso do Brasil. E nessa condição, fui convidado para assumir como sherpa do Brasil no BRICS, já que nós temos a presidência brasileira do grupo.
Repórter: O que é o BRICS e qual a função do grupo no cenário global?
Mauricio Lyrio: O grupo foi criado em 2009 e desde então tem tido um papel muito importante justamente em articular, eu diria, posições conjuntas dos países em desenvolvimento e reforçar a cooperação nas áreas em que esses países mais precisam. É um grupo que originalmente tinha quatro países, Brasil, China, Índia e Rússia. Então o BRICS hoje tem, na verdade, 11 países.
Repórter: Quais são as prioridades da presidência brasileira no BRICS?
Mauricio Lyrio: Uma das prioridades do Brasil no BRICS vai ser aprofundar a cooperação na área de saúde, até porque muitas das doenças que afetam esses países, afetam esses países mais do que outros. Outra prioridade é a questão da parceria econômica entre os países do BRICS. Mudança do clima é uma questão urgente. Inteligência artificial é um tema muito importante, ou seja, é um tema que hoje afeta positivamente, ou potencialmente de forma negativa a todos.
Repórter: Como que o BRICS vê o futuro do comércio e investimentos sustentáveis?
Mauricio Lyrio: Essa é uma área crucial. O BRICS nasceu com essa vocação já de parceria econômica. Mas o que nós precisamos fazer, eu acho que é aprofundar justamente os laços comerciais e de investimentos. Porque em termos de investimento e comércio, no grupo como um todo, ainda o percentual é menor do que a nossa produção econômica.
Repórter: Como o fortalecimento do BRICS impacta diretamente a vida das pessoas?
Mauricio Lyrio: Na vida real, justamente são os países que sofrem das dificuldades, mas também têm as virtudes de países como o Brasil. E é justamente dessa cooperação que se consegue fazer avanços internos. Sobre a liderança do presidente Lula, nós finalizamos no ano passado a negociação do acordo Mercosul-União Europeia. Todas essas iniciativas da política externa têm o objetivo que é gerar instrumentos adicionais para o desenvolvimento brasileiro.
Repórter: O que brasileiros e brasileiras, especialmente, podem esperar do BRICS sob a presidência do Brasil?
Mauricio Lyrio: Mais uma vez, o Brasil traz para o seu país uma negociação muito importante, um grupo muito importante. Isso tem a ver com uma característica do Brasil também, que é a sua capacidade de lidar com todos os países sem conflitos. O Brasil quer um BRICS muito voltado para os interesses da população, e nesse aspecto representados. A população é representada por um país que tem essa capacidade também de estabelecer o diálogo entre os mais diversos grupos.