Brasil apresenta resultados da presidência do BRICS
A 4ª Reunião de Sherpas ocorre em Brasília com objetivo de reunir representantes dos onze países-membros para fazer um balanço das conquistas alcançadas em 2025

Por Rafaela Ferreira / BRICS Brasil
A quarta e última reunião dos negociadores políticos do BRICS, conhecidos como “sherpas”, teve início nesta quinta-feira, 11/12. O encontro tem como objetivo reunir representantes dos onze países-membros para fazer um balanço das conquistas alcançadas neste ano. Nesta sexta-feira, 12/11, a presidência do BRICS será transmitida à Índia.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, embaixador Mauro Vieira, avaliou o trabalho desenvolvido ao longo do ano. “Foi, de fato, um esforço de todo o governo, que reflete não somente a amplitude da agenda do BRICS, mas também a extensão em que a nossa cooperação agora vai muito além das áreas tradicionais de coordenação política e financeira”, afirmou.
Em projeção para o futuro do agrupamento, o ministro apontou a necessidade de aproximação na vida prática das pessoas. “Grandes questões internacionais continuarão sendo centrais para o nosso trabalho, mas nossas sociedades também esperam que apresentemos resultados concretos de nossas iniciativas. O BRICS deve ser visto não apenas como um fórum de diálogo entre governos, mas também como uma plataforma capaz de gerar benefícios tangíveis para nossos povos”, disse.
Desafios no multilateralismo
O embaixador Mauricio Lyrio, sherpa do Brasil, avaliou como positivos os resultados entregues pela presidência brasileira do BRICS. “Atingimos os objetivos que definimos para nós mesmos. Grande parte disso se deve ao engajamento e trabalho árduo de todas as equipes envolvidas ao longo do ano”, celebrou.
Um dos destaques da presidência brasileira à frente do BRICS foi a defesa do multilateralismo, mesmo diante de um cenário mundial complexo. “Enfrentamos um contexto internacional marcado pela desconfiança em várias frentes e pelo próprio questionamento do multilateralismo. Essas tendências exerceram pressão adicional sobre a ação coletiva”, relembrou Lyrio.
“No entanto, as tendências também destacaram a centralidade do BRICS como plataforma de diálogo, construção de pontes e articulação de perspectivas que não poderiam ser negligenciadas”, acrescentou.
Como resultado, a Declaração Final de Líderes do BRICS condenou guerras, defendeu uma governança global mais inclusiva e reforçou a necessidade de reformar o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU).
“Nossa coordenação não foi apenas uma necessidade prática, mas uma reafirmação de nosso compromisso compartilhado com o multilateralismo em uma ordem internacional mais equilibrada, representativa e cooperativa”, atentou Lyrio.
Balanço
Neste primeiro dia da 4ª Reunião de Sherpas, foram apresentados os resultados das prioridades determinadas pelo Brasil para o ano, concentradas em seis áreas: Cooperação Global em Saúde; Mudança do Clima; Comércio, Investimento e Finanças; Arquitetura Multilateral para a Paz e Segurança; Governança da Inteligência Artificial; e Desenvolvimento Institucional.
Dentro desses eixos, foram aprovadas três declarações históricas pelos líderes:
A Declaração dos Líderes do BRICS sobre a Governança Global da Inteligência Artificial, que propõe um acesso mais justo e equitativo da ferramenta tecnológica.
A Declaração-Quadro dos Líderes do BRICS sobre Financiamento Climático, que apontou a necessidade de reformar os bancos multilaterais para que eles forneçam um financiamento mais justo para os países mais prejudicados lidarem com a crise climática.
E a Parceria do BRICS para a Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas (DSDs), que pretende reunir esforços para um sistema de saúde mais resiliente nos países do Sul Global.
A vice-sherpa do Brasil, embaixadora Paula Barboza, avaliou que uma das principais mensagens deixadas pela presidência brasileira do BRICS é a conclusão de um ano marcado pela inclusão e representatividade. “Também reconhecemos que vivemos um momento de grandes desafios, mas igualmente de grandes oportunidades para que o grupo se consolide como uma verdadeira voz do Sul Global no cenário internacional”, completou.
Paula Barboza apresentou o balanço da presidência do BRICS, que também resume em números a dimensão do evento composto por:
220 videoconferências;
62 reuniões técnicas;
21 reuniões ministeriais
4 reuniões de Sherpas;
Cúpula do BRICS no Rio de Janeiro;
Cúpula virtual.
Presidência da Índia
O documento apresentado pelo Brasil servirá de base para a transição da presidência do BRICS para a Índia. Nesta sexta-feira, 12/11, último dia de reunião, haverá a cerimônia de passagem da liderança e a apresentação das prioridades da próxima gestão.
“Amanhã (sexta) dedicaremos toda a nossa atenção à presidência da Índia que assumirá o cargo. Será o momento de passarmos o bastão. Será um prazer fazer isso com a presidência indiana, meu colega e amigo. Estamos muito felizes por termos este momento”, disse o embaixador Mauricio Lyrio.
O embaixador e sherpa indiano, Sudhakar Dalela, afirmou que a consolidação das conquistas em todas as áreas — política e de segurança, econômica e financeira, e de intercâmbios interpessoais e culturais — evidencia a seriedade com que o Brasil conduziu a presidência do BRICS.
“Este ano foi especialmente significativo, pois coincidiu com a fase de consolidação da composição ampliada. A integração de novos parceiros trouxe um equilíbrio delicado, preservando os princípios fundamentais do BRICS e ajustando-se às mudanças da governança global. A liderança brasileira tem sido exemplar”, finalizou Sudhakar.