SHERPAS

Brasil passa a presidência do BRICS para a Índia

No último dia da 4ª Reunião de Sherpas, a nova presidência do agrupamento apresentou as prioridades para 2026. A sessão final também contou com a passagem do martelo do BRICS

O sherpa do Brasil, embaixador Mauricio Lyrio, entregou martelo que simboliza a presidência do BRICS para o sherpa da Índia, embaixador Sudhakar Dalela. Foto: Isabela Castilho/Audiovisual BRICS
O sherpa do Brasil, embaixador Mauricio Lyrio, entregou martelo que simboliza a presidência do BRICS para o sherpa da Índia, embaixador Sudhakar Dalela. Foto: Isabela Castilho/Audiovisual BRICS

Por Mayara Souto / BRICS Brasil

A 4ª Reunião de Sherpas do BRICS finalizou, nesta sexta-feira, 12/12, com a transmissão formal da presidência do agrupamento do Brasil para a Índia, com a entrega do martelo. A nova liderança também apresentou as prioridades a serem debatidas em 2026. 

O sherpa do Brasil, embaixador Mauricio Lyrio, transferiu formalmente a presidência do BRICS ao sherpa da Índia, embaixador Sudhakar Dalela. “As discussões dos últimos dois dias reafirmam nosso compromisso de fortalecer a cooperação no grupo e com os países parceiros”, apontou. Ele agradeceu a todos e afirmou que “aguarda com expectativa a liderança da Índia no próximo ano e a continuidade do progresso alcançado até o momento”.

Durantes os dois dias de encontro, os sherpas fizeram um balanço da presidência brasileira do BRICS, que atuou em seis áreas-chave: Cooperação Global em Saúde; Mudança do Clima; Comércio, Investimento e Finanças; Arquitetura Multilateral para a Paz e Segurança;  Governança da Inteligência Artificial; e Desenvolvimento Institucional

Presidência indiana

O sherpa da Índia agradeceu as conquistas sob a presidência brasileira. “O Brasil conduziu o BRICS com clareza de propósito e um admirável compromisso com a construção de consenso”, parabenizou. 

Ao receber a presidência, Sudhakar Dalela disse que o país está comprometido em levar adiante a agenda coletiva endossada e em sustentar o ímpeto que o Brasil gerou nos pilares de cooperação. 

“Nossa presidência permanecerá guiada pelos princípios fundamentais de continuidade, consolidação e consenso, enquanto permanece responsiva aos desenvolvimentos globais emergentes e às prioridades em evolução do Sul Global”, disse ainda Sudhakar Dalela.

O sherpa também apresentou as prioridades da presidência do BRICS para 2026, que estarão estruturadas em quatro eixos: resiliência, inovação, cooperação e sustentabilidade. 

Dentro dos propósitos de cada área estão resoluções já acordadas na presidência brasileira que ganharão continuidade, como o desenvolvimento de sistemas de redução de desastres climáticos, a cooperação para o uso equitativo de Inteligência Artificial, o compartilhamento de saberes científicos e de pesquisa, entre outros.

Além disso, terão seguimento os debates políticos de extrema relevância para o Sul Global, que guiaram a presidência brasileira do BRICS: uma governança global mais inclusiva e diversa e a reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Martelo da Amazônia

O martelo feito pelo Brasil para a Índia foi produzido com madeira reaproveitada da Amazônia, por meio de um projeto com a comunidade local. Foto: Divulgação
O martelo feito pelo Brasil para a Índia foi produzido com madeira reaproveitada da Amazônia, por meio de um projeto com a comunidade local. Foto: Divulgação

O símbolo da passagem de presidência do BRICS é a entrega de um martelo, produzido pela presidência atual do agrupamento para a próxima. Tradicionalmente, o item é feito de forma a simbolizar a cultura do país. Em 2024, o Brasil recebeu da então presidência russa um martelo de aço, produzido na região dos Urais – um importante centro industrial e mineral do país. 

Para a passagem à Índia, o Brasil decidiu produzir um martelo com madeira reaproveitada da Floresta Amazônica, das árvores nativas Itaúba, Pau Rainha e Jaqueira. A peça foi feita artesanalmente pela comunidade de Novo Airão, no Amazonas, através do trabalho da Fundação Almerinda Malaquias. O projeto utiliza madeiras abandonadas em áreas rurais, que seriam queimadas, para produzir arte.

De acordo com o sherpa do Brasil, embaixador Mauricio Lyrio, a ideia é repassar para presidência da Índia a preocupação com a sustentabilidade que o Brasil teve – com a histórica aprovação da primeira declaração sobre financiamento climático do agrupamento. 

“O martelo representa tanto a sustentabilidade, quanto as profundas raízes de cooperação que unem os países do grupo. Com o gesto, é reafirmada a confiança na próxima presidência da Índia e o compromisso em apoiar seus esforços para promover a agenda do BRICS”, explicou o sherpa brasileiro.

Apesar da transmissão oficial da presidência do BRICS para a Índia ter ocorrido, nesta sexta-feira, o Brasil segue à frente do agrupamento até 31 de dezembro de 2025. Na próxima semana será realizado um último workshop sobre segurança, com a participação do embaixador Celso Amorim, assessor para assuntos internacionais da Presidência da República.